O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), subiu o tom nas críticas sobre a ocupação feita pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.
À contragosto dos bolsonaristas, o chefe do Legislativo retomou o comando da Mesa Diretora da Casa e, em discurso no plenário, disse: “Não podemos deixar que projetos pessoais e até projetos eleitorais possam estar à frente do que é maior que todos nós: o nosso povo”.
A noite de ontem foi marcada por tumulto e cenas inusitadas na Câmara em meio aos intensos protestos da ala a favor de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.
A deputada Júlia Zanatta (PL-SC), por exemplo, usou o seu bebê como escudo para impedir que Motta o retirasse do espaço Legislativo.
“Plantão na Câmara dos Deputados para tomada de providências. Estou sentada na cadeira do presidente Hugo Motta. Ahhhh quantas coisas poderíamos fazer se o titular dessa cadeira tivesse coragem”, disse a política, que, em seguida, rebateu as críticas:
“Os que estão atacando minha bebê não estão preocupados com a integridade da criança […] eles querem inviabilizar o exercício profissional de uma mulher usando sim uma criança como escudo. Canalhas!”
Durante a crise, o presidente da Câmara ameaçou suspender mandatos por até seis meses e acionou a polícia legislativa, que chegou a ser posicionada na porta do plenário. Após negociações, os parlamentares oposicionistas cederam, e Motta conseguiu abrir a sessão.
Em seu discurso, o presidente destacou que sua presença na Mesa visava reafirmar a autoridade da Presidência da Câmara e o papel institucional da Casa.
“Nossa presença nesta Mesa, na noite de hoje, é para garantir duas coisas: a primeira é o respeito a esta Presidência, como quer que seja; e a segunda, é para que esta Casa possa se fortalecer”.
Ocupação do grupo de oposição
A crise teve início após a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na terça-feira (5). Desde então, deputados aliados ao ex-presidente ocupam as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, exigindo a votação de um chamado “pacote da paz”, que inclui o PL da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, o fim do foro privilegiado e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.