Dois pedidos foram protocolados no Senado em pouco mais de 20 dias de 2023. Na documentação, os bolsonaristas dizem que o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), desrespeitou a lei. Moraes foi um dos principais alvos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No período de campanha eleitoral, Bolsonaro subiu o tom e o acusou de cometer um crime.
O primeiro pedido de impeachment contra Moraes foi protocolado em 5 de janeiro por seis advogados bolsonaristas. Eles dizem que a atuação de Moraes pode configurar crime de responsabilidade. No documento, eles citam o bloqueio de contas de empresários de Mato Grosso em novembro de 2022. Eles são suspeitos de financiar atos golpistas.
Eles dizem que Moraes cerceia a liberdade de expressão. “Diversos brasileiros, ao escreverem em suas redes sociais seus pensamentos, tiveram em suas residências visitas de Policiais Federais, a mando do denunciado”.
O segundo pedido de impeachment foi protocolado em 9 de janeiro e diz que Moraes também cometeu “abuso de autoridade”.
Mais Notícias
Motociatas custaram R$ 100 mil em média e reuniam 300 militares, mostram documentos
Os passeios de exibição, conhecidos como motociatas, promovidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tiveram custo médio de R$ 100 mil para os cofres públicos. É o que revelam as notas fiscais que descrevem gastos com cartão corporativo do então presidente da República.
De acordo com os documentos, que o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, as viagens de Bolsonaro para promoção pessoal representavam despesas volumosas.
Havia gastos com hospedagem de cerca de 30 servidores públicos que partiam de Brasília, além de recursos para alimentação de aproximadamente 300 pessoas que davam suporte no local de destino.
Apesar do uso de recursos públicos, as motociatas tinham como único propósito promover a figura do ex-presidente sem qualquer ação pública a ser anunciada.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes remarcou, para o dia 2 de fevereiro, o depoimento do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres à Polícia Federal. O encontro deve ocorrer às 10h30.
Havia expectativa de que Torres seria ouvido nesta segunda-feira (23) já que, na semana passada, a corporação, a pedido da defesa do ex-gestor, solicitou a realização do depoimento nesta manhã. No entanto, a medida não foi autorizada por Moraes.
O ministro permitiu que a defesa de Torres tenha acesso às investigações e disse que a nova data pretende “garantir o tempo necessário à defesa de Anderson Gustavo Torres para análise dos autos antes do interrogatório”.
Torres está preso no 4º Batalhão da Polícia Militar, no Guará, e é investigado por suspeita de omissão na contenção dos atos terroristas cometidos por bolsonaristas radicais, em Brasília, no dia 8 de janeiro (relembre abaixo). Ele chefiava a Secretaria de Segurança Pública do DF à ocasião, mas nega as acusações.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, prorrogou o uso da Força Nacional em Brasília por mais 15 dias. A decisão ocorre após os atos terroristas ocorridos na capital no dia 8 de janeiro, cometidos por bolsonaristas radicais.
A prorrogação já está valendo desde a sexta-feira (20) e terminará no dia 4 de fevereiro. A portaria foi publicada nesta segunda-feira (23), no Diário Oficial da União.
Segundo o texto, as forças de segurança atuam com o objetivo de “proteger a ordem pública e o patrimônio público e privado entre a Rodoviária de Brasília e a Praça dos Três Poderes, assim como na proteção de outros bens da União situados em Brasília”.
O uso da Força Nacional na região foi autorizado por Flávio Dino no dia 7 de janeiro, véspera dos ataques terroristas nas sedes dos três poderes.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu neste sábado (21) o general Júlio César de Arruda do cargo de comandante do Exército.
O substituto é o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que era comandante militar do Sudeste desde 2021. A troca foi publicada em edição extra do “Diário Oficial da União”.
O nome do general foi anunciado oficialmente pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, após reunião com Lula na tarde deste sábado.
“Evidentemente que depois desses últimos episódios, a questão dos acampamentos e a questão do dia 8 de janeiro, as relações, principalmente no Comando do Exército, sofreram uma fratura no nível de confiança e nós achávamos que nós precisávamos estancar isso logo de início até pra que nós pudéssemos superar esse episódio”, disse o ministro, ao lado do novo comandante, em declaração à imprensa no início da noite.
União eleva para R$ 18,5 mi pedido de bloqueio de bens de financiadores de ataques em Brasília
A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou que o valor de bloqueio de bens de pessoas físicas e empresas dos envolvidas nos ataques aos prédios dos três Poderes suba para R$ 18,5 milhões. A requisição foi feita por meio de ação cautelar protocolada pelo órgão, responsável pela representação jurídica do governo, nesta quinta-feira (19), na Justiça Federal do Distrito Federal.
A AGU levou em consideração, segundo informações da Folha de São Paulo, relatórios da subchefia para assuntos jurídicos da Presidência da República, que estimou danos de R$ 7,9 milhões ao patrimônio do Palácio do Planalto, e do Supremo Tribunal Federal (STF), que calcula em R$ 5,9 milhões os prejuízos em seu edifício.
Segundo o órgão, a nova quantia também é um valor atualizado dos danos estimados pela diretoria-geral da Câmara dos Deputados, que informou ser R$ 1,1 milhão. A quantia não incluiria a restauração das obras de arte danificadas e a destruição e subtração de presentes protocolares “cujo valor é inestimável”.
“Nesse contexto, ante informações supervenientes, constata-se que o dano mínimo estimado se encontra subdimensionado, motivo pelo qual a União vem a juízo requerer o aditamento da inicial para alterar e acrescer novo elemento a causa de pedir e novo pedido atinente à majoração do dano outrora estabelecido como parâmetro para a concessão da cautelar patrimonial”, diz o documento.
A AGU havia pedido inicialmente o bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens de 52 pessoas e sete empresas que financiaram o fretamento de ônibus para os atos.
Na ocasião, o juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro acolheu integralmente os pedidos, afirmando ser “absolutamente plausível” que os envolvidos “concorreram para a consecução dos vultosos danos ao patrimônio público, sendo passíveis, portanto, da bastante responsabilização civil”. Ficou decidido que a quantia deveria ser utilizada para reparar danos causados pela depredação de patrimônio público em caso de posterior condenação.
Nesta quinta-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes, do STF atualizou o número de análise de casos e manteve a prisão de 740 detidos em decorrência dos ataques golpistas aos prédios dos três Poderes e liberou 335 pessoas, mediante medidas cautelares. O primeiro grupo teve a prisão em flagrante convertida em preventiva.
Segundo o STF, o ministro espera que até esta sexta-feira (20) seja concluída a análise dos casos dos 1.459 presos suspeitos pelos atos golpistas. Ele começou a avaliar os casos na terça (17), após receber as atas de audiências de custódia entre os dias 13 e 17 de janeiro. Para o ministro, “houve flagrante afronta à manutenção do Estado democrático de Direito, em evidente descompasso com a garantia da liberdade de expressão”.
Múcio diz não ver envolvimento ‘direto’ das Forças Armadas em atos de Brasília
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta sexta-feira (20) que, no entendimento dele, não houve envolvimento “direto” das Forças Armadas nos atos do dia 8 de janeiro em Brasília.
Ele disse também que os comandantes das Forças Armadas concordam com punições a militares que tenham participado dos atos.
Múcio deu as declarações depois de participar de reunião com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Palácio do Planalto.
“Eu entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas. Agora, se algum elemento individualmente teve sua participação, ele vai responder como cidadão”, disse o ministro da Defesa.
“Os militares estão cientes e concordam que nós vamos tomar as providências. Evidentemente que no calor da emoção, nós precisamos ter cuidado para que essas acusações sejam justas, para que as penas sejam justas. Mas tudo será providenciado em seu tempo”, acrescentou.
Presidente do PL culpa governo Lula por tentativa de golpe em Brasília
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto responsabilizou o governo Lula pela invasão e depredação dos prédios públicos dos Três Poderes por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no dia 8 de janeiro em Brasília.
“A culpa de tudo isso é do governo atual. São eles quem mandam no Exército, nas policias e isso aconteceu. Não tinha policial suficiente para defender os prédios federais”, disse o dirigente, em entrevista à rádio CBN na manhã desta sexta-feira (20).
Questionado sobre o papel de Bolsonaro no episódio, o presidente do PL afirmou que ex-presidente tem ‘zero responsabilidade’ nos episódios.
“Zero [responsabilidade]. A responsabilidade é do ministro da Justiça [Flávio Dino] que fez uma portaria que dizia que a Força Nacional iria defender os blocos federais e não tinha um cidadão da Guarda Nacional lá. Ninguém incentivou nada. O silêncio de Bolsonaro vem desde a derrota nas eleições”, disse.
‘Operação Lesa Pátria’: PF prende cinco alvos suspeitos de ataques em Brasília
A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (20), a primeira fase da operação Lesa Pátria, que mira financiadores e participantes de atos ocorridos em Brasília, em 8 de janeiro. Até o momento, cinco pessoas foram presas.
A ação foi ordenada pelo Supremo Tribunal Federal, que expediu oito mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão. As ordens são cumpridas no Distrito Federal e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, e Mato Grosso do Sul.
Até a última atualização, cinco alvos tinham sido presos (veja perfis dos detidos). Quatro deles são:
Ramiro Alves Da Rocha Cruz Junior, conhecido como Ramiro dos Caminhoneiros;
Randolfo Antonio Dias
Renan Silva Sena
Soraia Bacciotti
Quinto preso ainda não identificado
Veja quantos mandados são cumpridos por unidade da federação:
Distrito Federal: 5 de busca e apreensão e 2 prisões
Goiás: 1 busca e apreensão
São Paulo: 7 busca e apreensão e 3 prisões
Rio de Janeiro: 1 busca e apreensão e 1 prisão
Minas Gerais: 1 busca e apreensão e 1 prisão
Mato Grosso do Sul: 1 busca e apreensão e 1 prisão
Segundo a corporação, as investigações continuam. A Polícia Federal pede para que, caso alguém tenha informações sobre pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os ataques do último dia 8, encaminhe a identificação para o e-mail denuncia8janeiro@pf.gov.br.
Lula diz ser contra CPI para apuração de manifestações: ‘pode criar confusão tremenda’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pode criar uma “confusão tremenda” na apuração dos ataques ocorridos em Brasília no último dia 8.
A abertura de uma CPI começou a ser articulada por parlamentares no dia seguinte à invasão dos manifestantes ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Nós temos instrumentos para fiscalizar o que aconteceu nesse país. Uma comissão de inquérito pode não ajudar e ela pode criar uma confusão tremenda, sabe? Nós não precisamos disso agora”, afirmou.
Os criminosos destruíram vidraças, móveis e obras de arte nos prédios que são sedes dos Três Poderes.
No Senado, o requerimento de criação, apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), já ultrapassou o mínimo necessário de apoios – 27 senadores. Soraya defende a instalação da CPI para apurar a organização, o financiamento e autoria dos ataques em Brasília.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chegou a classificar a instalação da CPI como “muito pertinente” e “adequada”.
Lula avaliou que, embora a decisão seja do Congresso Nacional, não há justificativa para a abertura da CPI. Para o presidente, a estrutura de apuração da comissão não se diferencia do que já existe à disposição do governo federal.
“É uma decisão do Congresso Nacional, não é minha. Portanto, os partidos políticos, na Câmara e no Senado é que vão decidir”, declarou.