Uma fala do governador catarinense Jorginho Mello (PL) reacendeu uma polêmica que insiste em ressurgir de tempos em tempos. Durante um evento de construção civil em Curitiba (PR), na última quinta-feira, 12, o gestor fez uma “brincadeira” em referência ao movimento separatista “O Sul é o Meu País”, que propõe a separação dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul do restante do Brasil.
“Temos dois candidatos à Presidência da República aqui. Daqui a pouco, se o negócio não funcionar muito bem lá para cima, nós passamos uma trena para o lado de cá e fazemos ‘o Sul é nosso país’, né?”, disse rindo o governador, provocando risos da plateia. A fala ocorreu durante um evento de construção civil em Curitiba, no Paraná, na última quinta-feira, 12.
Aliado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mello se referia aos governadores gaúcho, Eduardo Leite (PSD), e paranaense, Ratinho Júnior (PSD), ao falar sobre os “presidenciáveis”. Os dois, que o acompanhavam no painel do evento, também foram elogiados pelo governador catarinense, que afirmou haver grande parceria entre os três Estados.
Em outro momento, Mello também brinca com o governador do Paraná falando sobre “passar a régua”, comentando sobre o erro de medição que levou o governo paranaense a perceber que uma área equivalente a 500 campos de futebol pertence, na verdade, a Santa Catarina, mudando o mapa dos Estados em 2024. “As divisas estavam meio erradas, aí passamos a régua, ele foi generoso e deixou nós pegarmos. Mas não tinha muita coisa boa em cima, não”, falou rindo.
Movimentos separatistas
Em 2023, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sugeriu a criação de uma frente política em defesa do “protagonismo” de Estados do Sul e do Sudeste. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o governador mineiro comparou o país a um produtor rural que dá “tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito”.
As primeiras seriam Estados do Norte e Nordeste, enquanto as últimas seriam Estados do Sul e Sudeste. As falas, que tiveram forte reação em Brasília, também renderam debates intensos nas redes sociais.
As falas geraram uma onda de críticas de autoridades em todo o espectro político. À direita, o deputado federal e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) disse que “infelizmente, o governador Zema, talvez por não ter se expressado da forma adequada, acabou por criar mais problemas que as soluções que busca”.
Ex-ministro do Turismo de Jair Bolsonaro, Gilson Machado (PL-PE) disse “repudiar veementemente qualquer fala que sequer ventile a separação de nosso País”.
“O Nordeste não é peso para ninguém,o Nordeste é rico”, afirmou, endossado pelo ex-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social) de Bolsonaro, Fabio Wajngarten. “Parabéns, Gilson. O Brasil é nordestino”, escreveu o bolsonarista.
Para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede-AC), a importância de um Estado não pode ser definida pelo “peso populacional”. “Sem a Amazônia, não tem como ter agricultura, não tem como ter indústria, não tem como o Brasil sequer ter vida no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, porque a ciência diz que seria um deserto igual o deserto do Atacama ou do Saara”, disse Silva em suas redes sociais.
Em nota assinada pelo governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), o Consórcio Nordeste afirmou que Zema cria “um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste”.