O presidente em exercício do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Péricles Aurélio Lima de Queiroz, negou conceder salvo-conduto para liberar manifestantes presos no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.
As prisões de integrantes do movimento foram determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Aproximadamente 1,5 mil pessoas foram detidas na capital da República após invasão ao STF, Congresso e Palácio do Planalto.
O advogado Carlos Alexandre Klomfahs entrou com um habeas corpus no STM a favor dos presos. O presidente em exercício do tribunal superior não conheceu o pedido de liminar porque o órgão é subordinado ao Supremo Tribunal Federal e “não caberia questionar suas decisões”.
Mais do que negar a ação, Queiroz fez duras críticas aos atos terroristas. O advogado alegou que o vandalismo na capital federal não foi praticado pelos “manifestantes pacíficos que estão em frente aos quartéis do DF”. O ministro, porém, rechaçou o caso e classificou os atos criminosos de “grave cenário criminoso” que “não revela manifestação com fins pacíficos”.
protestos
O ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) coronel Fábio Augusto foi preso na tarde desta terça-feira (10). A prisão ocorreu após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Ele era o responsável pela PMDF no domingo (8), quando ocorreram os ataques terroristas de bolsonaristas contra o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.
A polícia e o governo do DF, que são responsáveis pela segurança dos prédios do governo federal e de outros poderes em Brasília, vêm recebendo duras críticas pela atuação durante os atos de vandalismo.
O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo por Moraes. A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu a prisão de Anderson Torres, e o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a prisão dele na tarde desta terça-feira (10). Torres era secretário de Segurança do DF no dia dos ataques. Ele foi ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro.
“Feirão da defesa”: advogados oferecem serviços a manifestantes presos a R$ 1 mil por pessoa
Um “Feirão da defesa” acontece na Academia da Polícia Federal, em Brasília, onde advogados circulam em busca de negociação com seus clientes, detidos pelas manifestações que culminaram na depredação de patrimônio público, no último domingo (8). Cerca de 1,5 mil pessoas estão detidas no local. A Polícia Federal organiza o atendimento judicial aos grupos e a quem tiver interesse, com prioridade para os idosos.
Perguntado por um dos detidos sobre o valor dos seus serviços, um dos advogados foi direto. “Eu faço por R$ 1 mil o acompanhamento da oitiva (depoimento) e da briga pela audiência de custódia”, respondeu.
De acordo com informações do Estadão, os advogados se organizam ao chamar pessoas, tentando agrupá-las por cidades ou Estados. O espanto foi geral, ao ouvirem que estavam detidos e que seriam encaminhados para o Complexo Penitenciário da Papuda ao longo da semana.
Não há previsão de quando o trabalho com os advogados será concluído.
Vídeo: PM’s permitem passagem de manifestantes durante invasão do Congresso
Um vídeo que circula pelas redes sociais mostra policiais que parecem ser da tropa de choque permitindo a passagem de manifestantes durante a invasão do Congresso Nacional, no domingo (8). Nas imagens, dezenas de participantes do ato sobem as escadas que dão acesso aos salões do Congresso e cantam.
O comentário do grupo é de que os policiais “estão com eles” ou que “são dos nossos”. O que chama a atenção é que os soldados apenas observam sem esboçar reação. O vídeo mostra ainda o momento em que alguns policiais fazem sinais para que os manifestantes sigam para dentro do Congresso, além de sinais de positivo.
A assessoria da Polícia Militar do Distrito Federal não emitiu posicionamento sobre a postura dos soldados no vídeo. Esse comportamento, inclusive, foi alvo de críticas da classe social e política durante os atos de vandalismo promovidos pelos manifestantes, no domingo (8).
Ações pós-manifestação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou a intervenção na segurança pública do DF. Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou o afastamento do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu a prisão do então secretário de Segurança Pública do DF Alexandre Torres, que foi ministro da Justiça de Bolsonaro.
Ministério da Justiça recebe milhares de denúncias sobre golpistas
Após criação de e-mails para receber informações sobre os envolvidos nos atos golpistas do último domingo, Ministério da Justiça e Polícia Federal já têm milhares de denúncias.
Já são pelo menos 20 mil denúncias registradas no e-mail denuncia@mj.gov.br, criado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, sobre pessoas envolvidas nos atos antidemocráticos que ocorreram em Brasília no domingo.
O titular da pasta, Flávio Dino falou quais são as próximas etapas
“Nós estamos trabalhando em parceria com a CGU, a Controladoria Geral da União, e com a Advocacia Geral da União. E o que eu posso afirmar pra você nesse momento é que todo esse material está subsidiando petições, que nós estamos apresentando. Então nós já temos mandados de prisão expedidos, espero que, hoje, nós teremos novos pedidos de mandados de prisão, de busca e apreensão, e com isso vai dando curso às investigações”.
Além do e-mail do Ministério da Justiça, a Polícia Federal disponibilizou também o denuncia8janeiro@pf.gov.br para receber informações sobre os envolvidos nos atos do último domingo.
Os dois órgãos esperam receber por meio desses contatos, além de informações em texto, fotografias, áudios, vídeos e prints de redes sociais que ajudem na identificação dos organizadores e participantes das ações criminosas que destruíram vários ambientes das sedes dos três poderes.
A PF ainda não divulgou um primeiro balanço com o número de mensagens recebidas.
Senado aprova intervenção federal na segurança pública do DF
O Senado aprovou nesta terça-feira (10) o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que determinou a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal. A votação foi simbólica, ou seja, sem o uso do painel eletrônico para a contagem dos votos. Entretanto, oito senadores anunciaram que são contrários à medida.
Se posicionaram contra o decreto os senadores:
Carlos Portinho (PL-RJ)
Luis Carlos Heinze (PP-RS)
Zequinha Marinho (PL-PA)
Carlos Viana (PL-MG)
Eduardo Girão (Pode-CE)
Flávio Bolsonaro (PL-RJ)
Plinio Valério (PSDB-AM)
Styvenson Valentin (Pode-RN)
Com a intervenção, a União assume o comando da segurança pública no DF no lugar do governo local. A medida vale até 31 de janeiro de 2023. A intervenção já estava em vigor desde o último domingo (8), quando o decreto foi assinado pelo presidente Lula, mas precisava passar pela aprovação da Câmara e do Senado.
Os deputados já haviam referendado o decreto presidencial na noite desta segunda-feira (9).
Rui Costa defende ‘descontaminar instituições’ após vandalismo em Brasília
O ministro-chefe da Casa Civil Rui Costa (PT) afirmou que é preciso ‘descontaminar todas as instituições’ para evitar que novos atos golpistas se repitam no Brasil. O ministro afirmou que o povo brasileiro não aceitará novos chamados de pessoas que agem como fizessem parte de uma “seita”. E recomendou terapia para quem não aceitar viver em democracia.
“O povo brasileiro gosta de viver num país democrático e não vai atender a um apelo de extremistas ou, eu diria, de pessoas que agem como se fizessem parte de uma seita. Então é melhor procurar algum tipo de terapia, ou atendimento psiquiátrico, psicológico, mas o país ou a nação não vai se curvar à violência, à agressão”, afirmou em coletiva de imprensa.
Rui Costa também citou que não é possível atribuir a um único fator a “tragédia” de domingo, comparando a situação com a queda de um avião, no qual há várias variantes. Afirmou que foram cometidos muitos erros e que foi uma somatória deles que “gerou essa situação de caos”.
Por outro lado, apontou que as Forças Armadas não podem ser “impregnadas” por visões e seitas. “As instituições brasileiras são históricas. Os governos passam, os nossos e outros que venham ao longo de décadas. Mas a instituição Justiça. Ministério Público, Forças Armadas, essas não podem se desviar, de que são instituições de Estado e não de governo”, afirmou.
A Advocacia-Geral da União (AGU) identificou mais de 100 empresas suspeitas de terem financiado a manifestação do último domingo (8) em Brasília. O dinheiro dessas entidades privadas foi usado para bancar os ônibus que transportaram os envolvidos e para auxiliar os manifestantes a permanecerem acampados em frente ao QG do Exército fazendo os preparativos para o ataque.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que a Polícia Federal já identificou financiadores em dez estados diferentes, especialmente no Mato Grosso e Santa Catarina. De acordo com Dino, muitas empresas são ligadas ao agronegócio.
Nesta terça-feira, a AGU vai apresentar o primeiro lote de ações contra esses grupos privados. São medidas cautelares junto à Justiça Federal no Distrito Federal para que os bens em nomes dessas empresas sejam bloqueados. Um dos objetivos é utilizar esses recursos para cobrir o prejuízo provocado pelo dano ao patrimônio.
O número de manifestantes presos após participarem dos protestos, em Brasília neste domingo (8) subiu para 1.500. Destes, 1.200 estavam no acampamento montado em frente ao QG do Exército e foram detidos na manhã desta segunda-feira (9), durante a operação que desmobilizou o acampamento.
Os outros 300 começaram a ser presos em flagrante desde ontem e já estavam na sede da Polícia Civil do Distrito Federal.
Os presos por invasão e depredação de prédios públicos estão sendo transferidos para o Complexo Penitenciário da Papuda e para a Colmeia, penitenciária feminina do Distrito Federal.
Na noite desta segunda-feira (9), a Câmara aprovou intervenção federal na segurança pública no DF.
Decreto para intervenção federal no DF é apreciado nesta terça no Senado
O decreto que propõe intervenção federal na Segurança Pública do Distrito Federal (DF) será apreciado nesta terça-feira (10) no Senado Federal, após os protestos que ocorreram no último domingo (8), nas sedes dos três Poderes – Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
O documento foi assinado pelo presidente Lula (PT) e será analisado pelos senadores a partir das 11h. A Câmara dos Deputados aprovou na noite de segunda-feira (9) o decreto, em votação simbólica, isto é, quando não há a contagem de votos de cada deputado.
Caso os congressistas deem o aval positivo para a medida, o governo federal assume a responsabilidade da segurança pública na capital do Brasil até o dia 31 deste mês. O texto do decreto afirma que o objetivo da ação é “pôr termo a grave comprometimento da ordem pública do Distrito Federal, marcada por atos de violência e invasão de prédios públicos”, diz documento.