Hugo Calderano, atual número 3 do ranking mundial de tênis de mesa, não poderá disputar o Grand Smash de Las Vegas, nos Estados Unidos. O brasileiro não obteve sua autorização para entrada no país a tempo de participar do torneio, um dos principais da modalidade, que começa nesta sexta-feira (4). O motivo, de acordo com sua assessoria, foi uma viagem a Cuba, em 2023.
“É frustrante ficar fora de uma das competições mais importantes da temporada por questões que fogem do meu controle, especialmente vindo de resultados tão positivos”, disse o brasileiro.
Em grande fase na sua carreira, com o título da Copa do Mundo e, mais recentemente, a medalha de prata no Mundial, o atleta possui cidadania portuguesa. Como os países da União Europeia fazem parte de um programa de isenção de vistos, ele precisaria apenas informar sua entrada nos EUA por meio do sistema ESTA (sigla em inglês para Sistema Eletrônico de Autorização de Viagem).
No entanto, com a demora maior do que o habitual para receber a confirmação de sua autorização, Hugo procurou as autoridades dos EUA. O brasileiro, então, foi informado que não era mais elegível para a dispensa do visto por causa de uma viagem a Cuba em 2023, quando disputou o Campeonato Pan-Americano e um evento de classificação para os Jogos Olímpicos de Paris-2024.
O brasileiro tentou obter um visto emergencial, mas, apesar do apoio da Associação de Tênis de Mesa e do Comitê Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos, ele não conseguiu agendar uma entrevista consular no tempo de viagem para o início da competição.
“Segui o mesmo protocolo de todas as viagens anteriores que fiz aos Estados Unidos utilizando o meu passaporte português. Ao ser informado sobre a situação, mobilizei toda a minha equipa para conseguir um visto regular de emergência, mas, infelizmente, não houve tempo hábil”, reclamou Hugo.
Procurada pela reportagem, a embaixada dos EUA no Brasil afirmou que não poderia comentar sobre o caso. “A embaixada na comenta sobre casos de vistos. Os EUA têm uma lei de privacidade que não autoriza divulgar qualquer informação sem autorização da pessoa”.
O problema envolvendo o mesa-tenista ocorre em meio às políticas restritivas de imigração da gestão de Donald Trump, que também afetam os esportes.
No começo do mês passado, o republicano assinou um decreto proibindo a entrada de cidadãos de 12 países nos Estados Unidos e restringindo parcialmente outros sete.
Os estrangeiros que têm entrada totalmente negada são os do Afeganistão, Mianmar, Chade, República do Congo, Guiné Equatorial, Eritreia, Haiti, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen. Os sete países que enfrentam restrições parciais são Burundi, Cuba, Laos, Serra Leoa, Togo, Turcomenistão e Venezuela.
Ao aprovar o decreto, Trump disse que questões de segurança nacional justificavam as restrições, e um porta-voz da Casa Branca afirmou que “o presidente está cumprindo sua promessa de proteger os americanos de atores estrangeiros perigosos que querem vir até aqui e nos fazer mal”.
Trump, no entanto, criou uma exceção para atletas e equipes na Copa do Mundo e outros eventos esportivos, mas não para torcedores. O Irã, por exemplo, está classificado para disputar o Mundial de 2026.