Redação

David de Michelangelo Buonarroti. Datável entre 1501 e o início de 1504. Galleria dell’Accademia, Florença. Obra-prima da escultura mundial, é um dos símbolos do Renascimento, de Florença e de toda a Itália.

A obra que retrata o herói bíblico enquanto se prepara para enfrentar Golias, foi originalmente colocada na Piazza della Signoria como um emblema da República Florentina, vigilante e vitoriosa contra seus inimigos.

Exatamente assim deveriam ser os nossos representantes políticos, homens dotados de dignidade, brio e heroísmo. David uma das obras primas do Excepcional Escultor Michelângelo é um exemplo de como todo e qualquer homem público deveria, na sua inteireza, se apresentar – inteiramente Nu. Despido de egocentrismo e soberba, exaustivamente comprometido com a “Res Publica”, quer dizer: “Coisa Pública”, destituído de subterfúgios, paletós abarrotados com as finanças do estado, enfim destituídos de toda e qualquer procedência criminosa. Infelizmente a realidade é dolorosa, irrefutável e acachapante.

David é um exemplo secular do homem na sua essência mais sagrada, aquele que se apresenta reto, probo e embevecido de proeza e princípios, diferente dos que se exibem empacotados em ternos italianos, finamente costurados com maestria e porque não dizer, suor dos infindáveis impostos arrecadados diuturnamente pelo povo que os sustentam.

O estado Brasileiro sucumbe numa velocidade atroz, portanto, reverter esta triste saga, seriam necessários batalhões de homens públicos destituídos de ego, soberba e ganância. Candidatar-se deveria ser meritório, típico daqueles que enfrentariam as batalhas mais sangrentas em busca da honradez a perpetuar dignamente o seu nome na história, e não uma maneira plausível de locupletar-se com desvios inescrupulosos.

A máquina pública provavelmente como o próprio bloco esculpido por este nobre Artista Plastico, se fosse talhado em dias de agora, trariam lágrimas ao seu magnífico semblante. Haja vista que o estado traz no seu contexto histórico, a mais deplorável estrutura política já vivenciada desde 1501, quando do início desta belíssima escultura.

David foi esculpido com cabeça e mãos bem grandes. Isso não se trata de uma imperfeição da obra, e na verdade possui uma explicação muito simples: como ela foi pensada para ser admirada de baixo para cima, essa proporção equilibraria as feições do corpo de David.

Outra explicação possível é a de que as mãos foram esculpidas em um tamanho grande propositalmente porque na Idade Média, um homem de poder era chamado de “manu fortis”, que significa “mão forte”.

Uma obra visionária que reitero – o David de Michelangelo, foi esculpido e entalhado num gigantesco bloco de mármore para representar um homem imponente, forte e vitorioso e, sem querer generalizar, não os cafajestes que sobem aos púlpitos em busca de representatividade. Por causa disso, se tornou também uma condição vitoriosa contra a tirania e, na época de sua inauguração, a escultura foi adotada como símbolo da liberdade do povo na República de Florença.

Segundo a narrativa Bíblica, antes de se tornar o Rei de Judá, David liberta seu povo da ameaça que era oferecida pelos filisteus. Exatamente assim, precisamos de um homem – símbolo de resistência e comprometimento moral, que seja o nosso mentor intelectual, forte, corajoso e destemido e, ao mesmo tempo, compromissado com todo “Organismo Público”, caso contrário, continuaremos assistindo à derrocada democrática de um país excepcional, assistiremos de camarote a queda vertiginosa da República Democrática Brasíleira, repleta de nuances, diversidade e recursos naturais, jamais visto em nenhum outro canto do mundo.

Arrivederci!

Por André Curvello – Advogado e Colaborador do Liberdade de Imprensa.