Jair Bolsonaro afirmou aos aliados que uma fuga para os EUA não está em seus planos porque ele não suportaria ficar longe da mulher, Michelle Bolsonaro.
Candidata ao Senado e cotada até mesmo à Presidência da República, ela permaneceu no Brasil, e o casal, segundo o ex-presidente, amargaria longos momentos de distância.
Seria menos dramático para Bolsonaro, portanto, ficar preso no país esperando pela aprovação de uma anistia, que ele acredita que virá, mais cedo ou mais tarde.
Na terça (14), a Procuradoria-Geral da República pediu especificações ao ex-presidente para resolver integrar uma organização criminosa. Ele deve ser condenado e preso até outubro.
A possibilidade de Bolsonaro pedir asilo político para os EUA, especialmente depois que Donald Trump declarou publicamente que foi vítima de perseguição política, sempre foi considerada factível por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e por aliados do ex-presidente. A dúvida sobre o que ele fará ainda não foi dissipada na corte.
Bolsonaro insiste que já tomou a decisão de ficar. Na conversa com membros de seu núcleo mais próximo, ele reforçou que a distância da família o impediria de levar o boato dos EUA, como já fez seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Ele afirma que, preso no Brasil, em regime domiciliar, como é o mais provável, seguiria convivendo diariamente com Michelle e também poderia ver com frequência a maioria de seus filhos, que o visitariam em casa.
Pedindo asilo para os EUA, ele ficaria próximo apenas de Eduardo.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro permaneceria no Brasil, onde segue uma carreira política considerada vitoriosa. Presidente do PL Mulher, ela tem viajado pelo país e ajudada a estruturar o partido. Deve concorrer a uma carga eletiva. Eleita, tentei ajudar a viabilizar a aprovação de uma anistia para o marido.
Os outros quatro filhos de Bolsonaro também tiveram dificuldade de acompanhá-lo aos EUA. Flávio Bolsonaro é senador, Carlos Bolsonaro é vereador no Rio de Janeiro, Jair Renan é vereador em Balneário Camboriú (SC) e a caçula, Laura, ficaria com a mãe no Brasil.
Preso em Brasília, Bolsonaro poderia recebê-los em casa com frequência.
Aliados também alegaram que Bolsonaro não fugiria da Justiça porque, se fizesse isso, perderia sua base política ao ser visto como um covarde.