Master: banqueiros e autoridades dizem que PF também sofreu pressão de Moraes

Brasília (DF), 30/09/2025 – O diretor geral da PF, Andrei Rodrigues, durante entrevista para falar sobre os casos de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, agora concentradas no estado de São Paulo, devem transcender os limites do estado. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Os mesmos banqueiros e autoridades de Brasília que afirmam a jornalistas terem recebido informações seguras de que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes pressionou o Banco Central a favorecer o Banco Master dizem ter ouvido de integrantes da PF (Polícia Federal) que o magistrado também manifestou ao órgão interesse no andamento das investigações sobre o caso.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, teria inclusive informado o presidente Lula sobre o caso, e teria ouvido em resposta: “Faça o que for necessário”.

A mulher de Moraes, Viviane Barci de Moraes, é advogada do Master. Seu escritório firmou um contrato de R$ 129 milhões com a instituição, segundo revelado pelo jornal O Globo.

Os rumores já chegaram à cúpula da PF.

Questionado pela coluna, o delegado-geral da PF, Andrei Rodrigues, nega que tenha sequer conversado com Moraes a respeito do assunto.

“Eu já ouvi isso por aí, mas é mentira. O ministro Alexandre de Moraes nunca falou comigo sobre esse assunto”, afirmou ele à coluna.

Rodrigues diz também que conversa constantemente com o magistrado, por causa de inquéritos relatados por ele no STF. “Nunca surgiu o assunto do banco Master”, diz ele, negando que tenha falado com Lula sobre o tema.

Em novembro, a PF prendeu o presidente do Banco Master, Gabriel Vorcaro. A instituição foi liquidada pelo Banco Central.

Nesta semana, a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, publicou uma reportagem afirmando que Moraes pressionou o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em defesa de interesses do Master.

Ela afirmou que, em pelo menos três ligações, o magistrado perguntou sobre o andamento da operação de venda do banco para o BRB. Teria havido também uma reunião presencial.

Moraes nega que tenha feito pressão sobre Galípolo.

Nota divulgada pelo STF afirma que o ministro conversou com o presidente do BC exclusivamente sobre as sanções impostas a ele pela Lei Magnitsky e diz até mesmo que “inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto”.

No mesmo texto, o STF disse que o ministro “esclarece que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central”.

O BC apenas confirmou que Galípolo se encontrou com Moraes para falar sobre a Magnitsky, sem esclarecer se conversaram também sobre o Master.

Leia a íntegra da nota de Alexandre de Moraes:

“O Ministro Alexandre de Moraes esclarece que realizou, em seu gabinete, duas reuniões com o Presidente do Banco Central para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnistiky. A primeira no dia 14/08, após a primeira aplicação da lei, em 30/08; e a segunda no dia 30/09, após a referida lei ter sido aplicada em sua esposa, no dia 22/09. Em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão referente a aquisição do BRB pelo Banco Master. Esclarece, ainda, que jamais esteve no Banco Central e que inexistiu qualquer ligação telefônica entre ambos, para esse ou qualquer outro assunto. Por fim, esclarece que o escritório de advocacia de sua esposa jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central.”

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