O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) só conseguiu retomar o comando da mesa da presidência da Câmara dos Deputados na noite desta quarta-feira (6) após longa negociação com a oposição mediada por seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL). A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo. A obstrução aconteceu após parlamentares aliados de Jair Bolsonaro, ex-presidente que está em prisão domiciliar, organizarem um motim.
A reação é uma das ações dos bolsonaristas às medidas contra Bolsonaro. Isso impediu a realização de sessões. Em esquema de revezamento, os deputados passaram a madrugada no local, que foi isolado pela polícia legislativa, com permissão de entrada apenas de parlamentares.
A pressão tinha como objetivo pressionar a cúpula do Congresso a pautar a anistia ao ex-presidente e aos participantes do 8 de Janeiro, data dos atos golpistas em Brasília. Os deputados queriam ainda o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que decretou a prisão de Bolsonaro.
Ainda segundo a Folha, apoiado por líderes de 17 partidos, incluindo os governistas, o presidente da Câmara anunciou que abriria a sessão no plenário da Casa às 20h30 desta quarta, o que só ocorreu após as 22h, depois da intervenção de Lira. As digitais do ex-presidente ficaram claras após o entendimento ser construído pelo Centrão.
Para convencer os bolsonaristas a deixarem o plenário, PP e União Brasil, entre outros partidos, garantiram que apoiariam a anistia ao 8 de Janeiro, além do projeto que limita o foro privilegiado, visando diminuir o alcance do Supremo Tribunal Federal (STF) a parlamentares.