Brasil tem de ampliar investimento em logística

O Brasil vive um momento decisivo para seu desenvolvimento econômico, e o setor de logística aparece como um dos principais gargalos a serem enfrentados. A especialista Isabel Dias da Silva alerta que, apesar de avanços pontuais, o país ainda registra um nível de investimento público inferior a muitos pares emergentes. Segundo um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), o país dedicou em média apenas 0,21% do PIB ao transporte entre 2010 e 2021 — o menor índice entre 50 países analisados.

“Quando o custo logístico consome mais de 12% do PIB, como mostra a análise da CNT, significa que parte importante da riqueza gerada no país é engolida por ineficiências de deslocamento, armazenagem e transporte”, explica Isabel.

Por que isso importa

O setor de logística no Brasil registra também forte crescimento: a previsão é de que o mercado de frete e logística brasileiro chegue a cerca de US$ 140,7 bilhões até 2030, com taxa de crescimento anual composta (CAGR) de cerca de 4,83% entre 2025 e 2030. Apesar dessa evolução, a base ainda depende predominantemente do modal rodoviário, o que tende a gerar custos elevados, riscos ao meio ambiente e desafogos regulatórios.

Isabel argumenta que “não basta apenas crescer — é necessário modernizar, diversificar modais, implantar ferrovias, hidrovias, cabotagem e portos eficientes. Só assim o Brasil poderá entregar produtos competitivos, com tempo e custo adequados para o mercado global”.

Desafios em foco

• Integração entre modais: A logística nacional ainda depende em mais de 60% do transporte rodoviário, com menor participação de ferrovias e hidrovias.
• Investimento público e privado: Embora em 2023 tenha havido aumento significativo — com mais de R$ 25,39 bilhões em recursos privados para infraestrutura de transporte — ainda há defasagem estrutural.
• Tecnologia e visibilidade nas cadeias: Um relatório recente aponta que apenas 38,1% das empresas que faturam mais de R$ 5 milhões mensais possuem “torre de controle” implementada para logística com visibilidade ponta a ponta.
• Ambiente regulatório e concessões: A aposta em parcerias público-privadas e concessões é vista por Isabel como um caminho necessário, mas “tem de haver clareza de marcos regulatórios, incentivos e governança”.

Impactos esperados

Segundo Isabel, com o fortalecimento da logística:
• Redução dos custos de transporte e armazenagem, liberando margens para indústria e comércio.
• Aumento da competitividade das exportações brasileiras, que terão custos menores e prazos mais curtos.
• Fortalecimento de polos regionais fora do eixo tradicional sudeste, promovendo inclusão territorial.
• Melhorias ambientais — com maior uso de ferrovias/hidrovias e menores emissões se comparadas ao rodoviário.

Caso fictício de aplicação

A empresa “Brasil AgroLog” instalou recentemente um terminal intermodal em Salvador (BA), onde integra rodovia, ferrovia e hidrovias locais, reduzindo em 25% o tempo de escoamento para o Atlântico norte. Isabel comenta que esse tipo de iniciativa “é exatamente o que precisamos multiplicar pelo país”.

Conclusão

“O Brasil só vai dar um salto de competitividade se começar a investir de verdade em logística — não apenas em obras isoladas, mas em rede, em longo prazo, com governança, tecnologia e diversidade de modais”, afirma Isabel Dias da Silva. Com a conta crescendo e os custos ainda altos, o momento para agir é agora.

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