Após dois anos de pandemia, Festa de Iemanjá atrai multidão para o Rio Vermelho

Depois de dois anos sem acontecer em razão das restrições impostas pela Covid-19, a tradicional festa de Iemanjá volta a ocorrer nesta quinta-feira (2), no bairro do Rio Vermelho. Desde a noite da quarta-feira (1º), uma multidão tem prestado homenagens à rainha do mar na Colônia de Pescadores Z1, que recebe as oferendas que serão levadas ao mar pela tarde. Em 2023, o evento completa 100 anos de realização com o tema “Odoyá, 100 anos de Festa e Reverência à Iemanjá” e programação organizada pela Prefeitura, por meio da Empresa Salvador Turismo (Saltur).

Nas primeiras horas de hoje, o presente chegou à Colônia de Pescadores, saindo do Terreiro Ilê Oxumarê, na Vasco da Gama. Este ano, a oferta remete à promoção da sustentabilidade e à preservação do meio ambiente: uma grande coroa ecológica à Rainha do Mar. O presente será levado ao mar às 16h, na embarcação “Rio Vermelho”, para o “Buraco de Iaiá”, que é a localização exata de um buraco em formato de concha, a 3 milhas náuticas da terra, onde as oferendas são depositadas.

O publicitário e escritor Nelson Cadena curtia os festejos desde as 3h. “Frequento desde sempre e a festa está bombando, mais cheia que nos anos anteriores, antes da pandemia. A organização da festa também está boa. Sou devoto de todos os santos e entidades e sempre curti Iemanjá, que sempre foi uma grande festa, grande manifestação”.

O ator Thiago Dude chegou às 22h do dia 1º e até a manhã desta quinta, aproveitava os festejos. “Frequento sempre a festa e estava sentindo muita falta. Tomei chuva, sou resistência até porque Iemanjá demanda e a data é importante, poderosa. Poder viver isso agora no pós-pandemia com tranquilidade é de uma felicidade ímpar. Tenho fé e sou fiel, respeito a energia, o rito. Vi pessoa que amo, vi a proporção que a festa tomou, acho que pela saudade, estou em estado de deleite. Fazer parte disso é uma prova de resistência”, declarou.

A assistente social Daniela Oliveira aproveitava a festa com a família. “Tem cinco anos que venho à festa e esses dois últimos anos senti muita falta. É uma motivação para iniciar o ano com as bençãos de Iemanjá e estou bem à vontade. A festa está bonita, segura, estou curtindo muito. Estou feliz de verdade”.

O vendedor de flores Dercilio Santos era só gratidão por ver novamente as pessoas na praia da Paciência reverenciando a orixá. “O retorno está muito bom, as vendas estão boas e estou muito grato por poder estar aqui novamente. Tem muita gente. Só agradecer”.

Patrimônio

A festa de Iemanjá foi tombada como Patrimônio Imaterial no ano de 2019, e reconhecida como Patrimônio Cultural de Salvador em 2020. Com processo realizado através da Fundação Gregório de Mattos (FGM), o registro protege a manifestação na medida em que garante o compromisso de apoio, divulgação e a produção de conhecimento e documentação acerca da festa. A iniciativa teve como objetivo a elaboração de conhecimento cultural, fortalecimento e divulgação da celebração.

História

A tradição da festa em homenagem a Iemanjá teve início no ano de 1923, quando um grupo de 25 pescadores resolveu oferecer presentes para a mãe das águas. Nesta época os peixes estavam escassos no mar. Todos os anos os pescadores pedem a Iemanjá que lhes dê fartura de peixes e um mar tranquilo. Desde então, milhares de pessoas comparecem ao Rio Vermelho para prestar homenagens à Rainha do Mar.

Related posts

PF prende prefeito de Palmas em operação que investiga venda de sentenças

Bolsonaro confirma Jair Renan como candidato em 2026

Câmara aprova projeto que reduz para 18 anos idade mínima para compra de arma de fogo